O futuro está nas nuvens

Publicado em 22 de agosto de 2012

Todos vão para a nuvem. Essa hoje é uma das máximas da computação. Tal pensamento foi amplamente difundido por empresas como o Google, com serviços como o Google Docs. Mais tarde a ideia ganhou fortes aliados como a Apple, que lançou o iCloud, e também a Microsoft com o Office 365. Outras aplicações inovadoras como o Dropbox – uma das referências em armazenamento virtual de dados – passaram a fazer parte do dia a dia das pessoas. Os serviços on line que existem no mercado vão desde webmail, passando por agendas, programas de notas, processadores de texto até sistemas de planilhas eletrônicas.

O futuro está nas nuvens

De olho nos próximos passos do cloud computing, as fabricantes de software começaram a se perguntar quando essa onda chegaria nas empresas. De lá para cá, surgiram os tablets e houve a popularização dos smartphones, acelerando ainda mais a difusão da computação em nuvem. Com uma plataforma tão ampla, surgiram inúmeras soluções, que variam de sistemas para tarefas específicas até grandes ERPs on line.

Stamatios Stamou Júnior comanda uma das empresas dentro dessa onda. À frente da eCentry, de Florianópolis, ele possui um conjunto de soluções de relacionamento que inclui pesquisas on line, e-mail marketing, mensagens SMS e um sistema que une todas essas soluções em um CRM, que é responsável por mapear cada interação da empresa com seu cliente ou consumidor final.

Uma das soluções da eCentry a utilizar a tecnologia cloud recebeu o nome de emailmanager. A ferramenta possibilita o envio em massa de e-mail marketing e newsletters, na qual o cliente acessa o site e, a partir de lá, faz o gerenciamento dessas atividades – sem necessidade de instalar programas no computador.

As soluções da eCentry já chamaram atenção de companhias como McDonald’s e Natura. A maior rede de fast food do mundo utiliza no Brasil os sistemas da eCentry para gerenciar as mensagens direcionadas ao Fale Conosco, além do envio de campanhas de e-mail marketing de maneira personalizada. Já a gigante do setor de cosméticos concentra na empresa de Stamatios as comunicações virtuais com consultoras, investidores e público final, realizando também pesquisas on line.


Para suportar um volume de tráfego de informações que supera a marca de 1 bilhão de e-mails por mês, foi necessário investir na estrutura de suporte. Ao invés de alugar servidores externos, Stamatios aloca seus sistemas em equipamentos próprios, instalados na sede da empresa. “Isso nos dá muitas vantagens no que se refere à velocidade de acesso, pois nossas soluções não precisam dividir espaços em servidores terceirizados, pois está tudo aqui dentro”, explica o CEO da eCentry.

O futuro está nas nuvens


O cloud computing está se tornando uma referência de migração de tecnologia. Também em Blumenau, a BSB Sistemas vem caminhando na direção da nuvem, especializada em sistemas de planejamento e controle de produção.

A companhia faz uso de coletores e contadores ligados diretamente nas máquinas que levam informação ao sistema – que monta um gráfico visual para o controle de tempo, produtividade e uso dos recursos (também conhecido como gráfico de Gantt).

A mudança de mentalidade das empresas tem sido gradual no que tange a aderência do cloud. Há quem prefira começar com apenas alguns módulos ou pequenas aplicações, como aprovação de pedidos ou consultas de relatórios. “A nuvem ainda não está completamente difundida. A maior dificuldade é convencer as pessoas a confiarem seus dados e que esses não serão repassados a ninguém”, comenta o gerente administrativo da BSB, Walter Tessarolo.

Para especialistas, a etapa de migração ao armazenamento on line geralmente é a parte mais custosa às empresas. Muitos comparam o momento atual com a época dos primeiros depósitos bancários, onde as instituições financeiras tinham que provar serem mais seguras do que o velho hábito de guardar o dinheiro embaixo do colchão.

Apesar disso, não faltam desenvolvedoras que investem pesado em armazenamento on line. A Delsoft, de Rio do Sul, apostou nessa vertente. Em maio, a empresa lançou o Delsoft X, um ERP 100% web. Por meio dele, o cliente pode escolher se deseja armazenar seus dados internamente ou por um datacenter.

Para o executivo que chefia a companhia, o cloud computing não é uma moda, mas uma demanda surgida da economia mundial. “É uma necessidade do mercado corporativo. Hoje, se analisarmos as empresas do ponto de vista global, com empreendedores que transitam constantemente por países como China e EUA, temos que pensar neste gestor como elemento decisório de sua organização. Para tanto, ele precisa estar atualizado pelo seu smartphone ou tablet”, aponta o diretor-presidente da Delsoft, Miguel Delonei Berres.

Cioney Giovanella, diretor da Ksys Soluções Web, pensa de forma semelhante. A produtora de softwares já possuía uma aplicação chamada Helpdesk totalmente on line, voltada para o gerenciamento de relacionamento e atendimento ao consumidor. Recentemente, a empresa resolveu dar um passo maior. Junto com um de seus clientes, a Coteminas, desenvolveu o sistema de desenvolvimento de novos produtos que gerencia todos os processos nesse sentido de maneira on line. Conhecido como Ksys Amostras, a aplicação além de ser inteiramente web é multilínguas. Isso permite que um colaborador de uma unidade chinesa possa inserir dados no sistema em Mandarim, que serão interpretados em português pelos pesquisadores da unidade central no Brasil e que consequentemente podem se comunicar com outras unidades para pedir auxílio durante todo o workflow. Com isso, a empresa consegue maior integração e agilidade nos processos de marketing, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.

O case da Ksys, assim como os exemplos da eCentry, BSB e Delsoft, mostram que a nuvem não é mais uma tendência, mas sim uma realidade de mercado que elevará o nível de competitidade dos negócios a um novo patamar.

Fonte: Revista Negócios & Empreendimentos